
Foi reformada por invalidez ainda nova, na casa dos quarenta anos, por razões do foro psiquiátrico, e vagueia, muitas vezes, pelo supermercado… Talvez por causa da medicamentação, engordou, desfigurou-se…De vez em quando vai visitar os antigos colegas e diz na sua demência consciente:
- Ai, eu estava aqui tão bem, será que poderia voltar ao trabalho?... Pergunta-eco que não encontra resposta…
- Ela não precisa, pois tem uma reforma boa!
- É possível, respondi eu, mas se ela pediu …
E coloquei-lhe o euro na mão. Feliz, ela lá se perdeu entre a movimentação caótica dos restantes clientes. Não sei se telefonou ou não à filha mas, cerca de um mês depois, abordou-me novamente e, desta vez, pediu-me 5 euros… Aí eu senti necessidade de lhe perguntar pela reforma ao que ela me respondeu que alguém da assistência social lhe controlava o dinheiro e lho entregava a pouco e pouco.
Com o argumento da necessidade momentânea, fiquei convencido e lá lhe entreguei os cinco euros com a certeza de que, apesar das promessas (loucas, pensei eu) de pagamento, tratar-se-ia dum investimento “a fundo perdido”. Passadas algumas semanas, lá vem ela ter comigo e, para meu espanto, entrega-me 5 euros para liquidar a dívida!
Contudo, um mês mais tarde, a “louca” do supermercado pede-me mais 5 euros que eu entrego, desta vez sem comentários e, também, sem esperança de os voltar a ver…
E pensei: Se uma “louca” respeita as suas promessas, por que razão há tanta gente dita mentalmente sã, proeminente até, que não cumpre nem os compromissos nem as promessas que publicamente faz?
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